Sinopse
1931. Depois de enfrentar um bando de
gângsters no Congo, Tintim é enviado para Chicago, EUA, para livrar a
cidade dos criminosos. Como um "repórter-mirim" fará isso, ninguém sabe,
mas conhecendo sua fama internacional, os bandidos começam a se
preocupar. A mando de Al Capone, "o rei dos bandidos", o jovem repórter é
sequestrado assim que chega ao país mas, desde já, sua sorte começa a
agir.
Assim que escapa dos comparsas de Al Capone, Tintim cai numa armadilha
de Bobby Smiles, líder do Sindicato dos Gângsters de Chicago. Como não
aceita a proposta de se juntar ao grupo para vencer o "rei dos
bandidos", o repórter acaba ganhando mais inimigos, e sofre novas
tentativas de assassinato. Quando ajuda a polícia a prender um grupo de
bandidos, Tintim deixa Smiles escapar. Assim começa uma perseguição que
leva o personagem a outro cenário: o velho-oeste americano.
Em RedDog City, Tintim adota um estilo cowboy,
pois suas roupas são estranhas demais para os habitantes locais. No
território dos peles-vermelhas, o repórter é sequestrado pela tribo dos
Pés-Negros, graças a um plano de Bobby Smiles. Depois de causar uma
confusão e conseguir escapar dos nativos, Tintim acidentalmente descobre
um poço de petróleo, o que atrai a atenção imediata de uma multidão de
investidores, gerando um desenvolvimento instantâneo do local. Depois de
enfrentar alguns perigos, Tintim finalmente manda Smiles para a cadeia,
mas seus problemas estão longe de terminar...
Quando descobre que Milu foi
sequestrado, Tintim conhece um detetive pra lá de atrapalhado, que
investiga o caso. Mais tarde, é preso injustamente e enfrenta outros
vilões perigosos, que fazem de tudo para acabar com sua vida. Apesar de
derrotar a todos eles, Tintim não aparece vencendo o maior de todos, Al
Capone. Mesmo assim, ao final da aventura, é aclamado por uma multidão
nas ruas de Chicago.
Histórico
A aventura de Tintim no Congo
já sugeria que o personagem estava pronto para invadir o território
americano. O objetivo original de Hergé era escrever um relato sobre a
opressão dos índios nos EUA, assunto que sempre o havia fascinado. Ele
queria mostrar os cenários de filmes de faroeste, os desertos e
pradarias da América do Norte, bem como os cowboys e índios peles-vermelhas. Mas a ideia não agradava tanto ao abade Norbert Wallez,
que havia imaginado uma história sobre o sindicato do crime em Chicago,
na intenção de ilustrar o quão corrupto os Estados Unidos realmente
eram (vale lembrar que abade era direitista). Dessa forma, Hergé
decidiu apresentar em sua aventura outras características da América,
como as indústrias modernas, as grandes cidades e, é claro, dos
mafiosos.
Assim como acontecera na concepção de
"Tintim no País dos Sovietes" e "Tintim no Congo", as fontes de Hergé
eram muito limitadas, sem contar que, àquela altura, ele ainda não havia
saído da Bélgica. Dessa forma, suas únicas inspirações foram os livros
"Scènes de la vie Future" (Cenas da vida Futura), de Georges Duhamel, "L'Histoire des Peaux-Rouges" (A História dos Peles-Vermelhas), de Paul Coze e uma edição especial da revista "Le Crapouillot", falando sobre os Estados Unidos da América.
Hergé começa o álbum seguindo as
orientações de Wallez, mas, na tentativa de pôr seus objetivos iniciais
em prática, providencia um jeito de levar o repórter para o velho oeste.
A cidade, que na edição original se chamava "Redskincity" (Cidade Pele
Vermelha, em tradução literal), fica perto de um acampamento indígena,
onde o cartunista aproveita para desenvolver algumas de suas ideias. No
entanto, a fim de evitar problemas com Wallez, editor do jornal, Hergé
usa os índios para expor a corrupção dos norte-americanos. Faz isso em
cenas que mostram os 'brancos' explorando as terras dos nativos, quando
descobrem que são uma rica fonte de petróleo.
Outros temas relacionados à realidade
americana da época também são retratados no álbum, mas de maneira um
tanto superficial. Servem como exemplo o fracasso da Lei Seca
(ilustrado por um delegado beberrão), a guerra de gangues (enfatizada
pela rivalidade entre os grupos de Al Capone e Bobby Smiles) e a
discriminação aos negros (que aparecem sempre como subordinados).
Publicação
Tintim na América foi publicado no Le Petit Vingtième
de 3 de setembro de 1931 a 20 de outubro de 1932, duas páginas por
semana. Em 1932, foi publicado pela primeira vez como álbum, em
preto-e-branco, pelas Éditions du Petit Vingtième. Em 1941 começou a primeira atualização do álbum, inicialmente com a finalidade de publicação em um jornal holandês, Het laatste Nieuws. Mas
a primeira edição colorida só saiu em 1945, quando Hergé redesenhou a
história, assim como havia feito com o álbum anterior, alterando o
número de páginas para 62, o padrão de seus livros. A publicação saiu
pela editora francesa Casterman.
Como no caso de Tintim no Congo,
a versão a cores do foi beneficiada pelos progressos que a prática e a
experiência já haviam dado a Hergé. Na nova versão, publicada em 1946,
foram feitas várias melhorias na linguagem visual, que tornaram a
leitura mais fluente e compreensível. Desta aventura em diante, o
domínio da arte que o cartunista alcançou fazia as imagens falam por si
mismas, sem depender tanto do texto.
O primeiro país a traduzir o álbum
para outra língua foi Portugal - que aliás foi o primeiro a publicar uma
obra de Hergé fora do eixo franco-belga. Em 16 de abril de 1936, a
revista infantil "O Papagaio" começou a publicação da história, com o
título "As Aventuras de Tim-Tim na América do Norte". Com essa
empreitada, Portugal entrou para a história como o primeiro país a
publicar uma aventura de Tintim traduzida e a cores. Clique na imagem
abaixo e veja a primeira página:
Um
dos países que mais resistiu à publicação da aventura foram os Estados
Unidos. Encontrar um editor para o álbum na terra em que ele era
ambientado foi uma tarefa praticamente impossível. Na próxima parte,
descubra as modificações que Hergé teve de fazer para conseguir enviar
Tintim para a verdadeira América...
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