terça-feira, 6 de março de 2012

Os Charutos do Faraó

No início dos anos 1930, o repórter-mirim criado por Hergé já tinha alcançado a fama em toda a Bélgica, seu país de origem. Depois de desbravar a Rússia Soviética, o Congo Belga e a América do Norte, os editores do Le Petit Vingtième decidiram enviar seu jovem correspondente ao Extremo Oriente. Assim, de dezembro de 1932 a fevereiro de 1934, os leitores do semanário juvenil tiveram a oportunidade de ler Les Aventures de Tintin, reporter, en Orient, hoje conhecido mundialmente como Os Charutos do Faraó.

Sinopse

Tintim e Milu estão a bordo de um cruzeiro com destino ao Extremo Oriente, quando conhecem Philémon Siclone, um excêntrico egiptólogo que está em busca da tumba do Faraó Kih-Oskh. Ainda no navio, Tintim tem seu primeiro conflito com o magnata Roberto Rastapopoulos, e o reconhece como um famoso cineasta. Misteriosamente, o repórter é acusado de tráfico de armas e entorpecentes e, por isso, procurado pela polícia, que se apresenta na figura de Dupond e Dupont - em sua primeira aparição oficial.
Depois de escapar da polícia, Tintim reencontra o arqueólogo e concorda em acomapanhá-lo durante sua expedição ao Cairo, Egito. Ao encontrar a tumba, o garoto descobre também misteriosos charutos, que carregam o intrigante símbolo  do Faraó. Capturados por um grupo de bandidos, que inclui o desprezível Allan Thompson, Tintim e Milu são abandonados no mar, junto com o arqueólogo.
De volta à terra firme, Tintim reencontra Rastapopoulos gravando um filme em meio ao deserto da costa árabe, mas agora o milionário mostra-se menos arrogante. O jovem reporter ainda enfrenta outros perigos para escapar dos Dupondt, até ir parar no meio da floresta, onde faz amizade com um elefante e reencontra Philémon Siclone. O egiptólogo, agora enlouquecido, tenta matar o rapaz, que encontra refúgio no palácio do Marajá de Rawajpoutalah.

Os segredos começam a se revelar quando Tintim descobre uma organização criminosa envolvida com os charutos do Faraó. O rapaz enfrenta um por um, lutando até mesmo contra um perigoso faquir. O repórter descobre que os charutos na realidade serviam de camuflagem para o tráfico de ópio. Mas a identidade do líder da gangue, com quem o repórter luta num clímax, continua desconhecida. Dessa forma, Tintim percebe que suas aventuras no Extremo Oriente estão longe de terminar...


Histórico
Quando Hergé terminou Tintim na América, em outubro de 1932, seu principal personagem já era dono de uma popularidade invejável. Assim como fora planejado, o jovem repórter havia alcançado o status de modelo para os jovens cristãos da Bélgica. Tintim era inteligente, corajoso e altruísta; uma perfeita ferramenta para difundir bons ensinamentos para os leitores. Assim como as três aventuras anteriores, a saga de Tintim no Extremo Oriente foi publicada no Le Petit Vingtième e, portanto, ainda sob influência de Norbert Wallez, diretor do jornal. Contudo, foi a partir desta obra que Hergé começou a se distanciar da rígida política editorial do abade, o que só lhe trouxe resultados positivos.
A mensagem anti-drogas transita livremente pelas peripécias de Tintim em seu novo álbum. É claro que para isso foi necessária a aprovação de Wallez, mas desta vez Hergé se preocupou menos com os ensinamentos que deveria transmitir para se concentrar na criação de uma boa história, com ganchos envolventes e personagens marcantes. Esse distanciamento lhe permitiu mais liberdade criativa, pois ele já não estava tão subordinado aos requisitos de seu editor. Então, a partir deste álbum, Hergé passa a ser mais cuidadoso na concepção de personagens e principalmente no desenvolvimento da narrativa.


Uma das evidentes influências de Hergé na criação de "Os Charutos do Faraó" foi a descoberta da tumba de Tutankhamon, em novembro de 1922. Uma série de mortes supostamente ligadas à "Maldição do Faraó" inspirou Hergé na trama do desaparecimento dos egiptólogos que visitaram o túmulo do faraó Kih-Oskh. Conheça mais detalhes nas próximas postagens.
Publicações
Com o título 'Les Aventures de Tintin, reporter, en Oriente', a história em quadrinhos conhecida hoje como "Os Charutos do Faraó" começou a ser publicada em 8 de dezembro de 1932, no Le Petit Vingitième. A publicação, em páginas semanais, durou até 1º de fevereiro de 1934. No outono europeu mesmo ano, a HQ foi transformada em álbum, ainda em preto-e-branco, mas com novos personagens desenhados por Hergé.



Diferentemente dos primeiros álbuns, que foram publicados pelas Editions du Petit Vingtième, a primeira edição de "Os Charutos do Faraó" foi lançada diretamente pelas Edições Casterman, com uma tiragem de 6.000 exemplares. Hergé mudou de editora após escutar uma proposta de Louis Casterman, que ficou atraído com o sucesso que as aventuras de Tintim estavam fazendo na Europa.

Estava tudo pronto para a publicação de mais um álbum de sucesso, mas Hergé ainda não estava plenamente satisfeito. O criador de Tintim demonstrava o desejo de alterar o título para algo mais intrigante, daí a mudança para "Les Aventures de Tintin, reporter, en Orient - Les Cigares du Pharaon". Em 1938, houve uma reedição pela Casterman, mas o conteúdo não foi alterado, apenas o título ("Les Aventures de Tintin, reporter - Les Cigares du Pharaon"). Desta vez foram publicados 4.500 exemplares.
Em 1942 , uma nova versão do álbum foi publicada. Em contraste com a primeira capa, que mostrava uma pequena figura de Tintim bem parecido com seu traço original, a nova edição trazia uma capa com uma grande imagem do repórter, bem mais bonita e semelhante ao seu design atual. Hoje, esta é uma das edições mais raras e procuradas por colecionadores.

Já em 1955, a aventura ganhou cores. Foi o último dos álbuns preto-e-branco a ser colorido, e teve seu lançamento adiado várias, devido à ocupação de Hergé com o lançamento da Revista Tintin e pela criação dos álbuns de Tintim na Lua  (publicados entre 1953 e 1954). Antes de ser colorido, o álbum passou por uma revisão e, assim como os dois anteriores, foi completamente redesenhado, tornando-se o álbum que conhecemos hoje. A partir do álbum seguinte, "O Lótus Azul", Hergé passou a preservar seu traço original, que estava cada vez mais bem-definido. Há certas diferenças entre a primeira edição e a atual, e as principais delas serão conhecidas nas próximas partes deste especial.
Extráido do site: www.tintimportintim.com
  

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