domingo, 4 de março de 2012

Tintim no país dos sovietes

As Aventuras de Tintim, Repórter do Le Petit Vingtième, No País dos Sovietes é o título da aventura que deu origem a um dos personagens mais queridos da história dos quadrinhos. Escrita e desenhada pelo belga Hergé, a história foi originalmente publicada entre 10 de janeiro de 1929 e 8 de Maio de 1930, no suplemento infanto-juvenil Le Petit Vingtième. Nesta primeira aventura, Tintim, já ao lado do inseparável Milu, é apresentado como um jovem e corajoso repórter em viagem à Rússia comunista.








Sinopse


Tintim, um repórter do Le Petit Vingtième, e seu cachorro Milu, são enviados em missão para a União Soviética. Partindo de Bruxelas, seu trem explode a caminho de Moscou por um agente secreto da polícia soviética, a OGPU. Ele sobrevive, mas é acusado pelas autoridades de Berlim pelo "acidente".


Preso e levado para uma câmara de tortura, Tintim consegue escapar e roubar um carro, passando por várias aventuras até finalmente chegar a Moscou. Entre outros absurdos, Tintim observa uma eleição onde as pessoas são obrigadas a votar no partido comunista, descobre que as fábricas supostamente produtivas são apenas uma farsa dos sovietes, e que as autoridades do país maltratam crianças famintas. 


Preso por ajudar as vítimas da ditadura, ele consegue escapar mais uma vez e se depara com as riquezas que Stalin, Lenin e Trotsky roubam do povo soviético (incluindo trigo, vodka e caviar). Na tentativa de fugir da Rússia e denunciar aquelas barbaridades, Tintim enfrenta por uma última vez os agentes da OGPU. Finalmente retornando à Bélgica, o destemido repórter é recebido com grande pompa pelo público, que o aguarda na Grand Place de Bruxelas.


Em 1928, Hergé, então editor-chefe do Petit Vingtième, já pensava em criar um novo personagem de quadrinhos. A oportunidade surgiu quando Norbert Wallez, diretor do jornal, lhe encomendou uma história que envolvesse um adolescente e um cachorro. Wallez, um padre de ideologia direitista, queria um personagem que pudesse mostrar aos jovens belgas a situação da URSS e denunciar os males do comunismo. Hergé idealizou um repórter que viajaria para fazer suas matérias, e decidiu: "Para sua primeira viagem, a coisa que me pareceu mais importante na época era o país cujos ecos terríveis e muitas vezes contraditórios chegavam até nós, que era a Rússia soviética".


Nos primeiros dias de janeiro de 1929, o Vingtième Siècle publicou a ilustração de um jovem muito parecido com o já conhecido Totor, vestindo calças de golfe quadriculadas e acompanhado por um fox-terrier. No fundo, a silhueta de uma construção russa, e na legenda, a seguinte mensagem: “Acompanhem, a partir da próxima quinta-feira, as extraordinárias aventuras de Tintim, o repórter, e do seu cachorro, Milu, no País dos Sovietes”.


Poucos dias depois, em 10 de janeiro de 1929, começou a ser publicada a primeira de muitas aventuras do repórter Tintim e seu fiel cãozinho Milu. A cada semana o jornal publicava duas páginas, gerando uma história de 69 episódios.


A HQ fez tanto sucessos entre jovens e adultos da Bélgica que, para marcar sua conclusão, em 8 de Maio de 1930, o Petit Vingtième preparou um grande evento.


O jornal contratou Lucien Pepermans, um escoteiro de 15 anos, para representar a chegada do repórter a Bruxelas, e convidou os leitores por meio de um anúncio a comparecerem na Gare du Nord, às 16 horas.


A "chegada" de Tintim contou com uma grande multidão de fãs, além da presença de Hergé, que se reuniram no local anunciado para receber o herói que havia mostrado toda a “verdade” sobre o “milagre soviético”. A cena foi incluída no álbum, lançado naquele mesmo ano.



Propaganda Anticomunista


Os soviéticos tentavam passar para o mundo fora da Rússia uma imagem de potência em constante crescimento econômico - e de fato o era, segundo historiadores. Desmentir este fato se tornou um alvo particular de Hergé. Mas, como o desenhista nunca teve a oportunidade de visitar o país - e àquela altura não havia nenhuma possibilidade de fazer isso -, ele teve de se basear em informações de terceiros. Segundo Benoît Peeters, a única referência utilizada por Hergé foi o livro Moscou sans voiles (1928, Moscou sem véu, em livre tradução) de Joseph Douillet, ex-cônsul belga que viveu e trabalhou durante nove anos na Rússia soviética.


No livro, Douillet ataca duramente o comunismo e o governo soviético, e esse mesmo espírito crítico acaba ficando evidente no álbum. Sem outras fontes à disposição, Hergé chegou a reproduzir passagens inteiras do livro, como a cena das "eleições democráticas", onde os habitantes de uma aldeia são coagidos pelos soldados armados a votar no partido comunista. 


Publicação


Tintim no País dos Sovietes foi publicado pela primeira vez como álbum em 1930. Apesar do sucesso, a insatisfação de Hergé com os detalhes negativos da obra o levou a retirá-la de circulação na década de 1930. Nos anos 1950, o autor continuava sem nenhum interesse na re-publicação do álbum, mas a editora Casterman o pressionou a autorizar novas reedições, para fazer frente às edições piratas que estavam surgindo. Só depois de muitos anos após a morte do autor, o álbum voltou a ser publicado orgulhosamente como o número um da coleção de Tintim.


Em 1973, foi lançada, como parte de Les Archives d'Hergé, uma edição fac-símile, que imediatamente se tornou um best-seller (100.000 exemplares vendidos só naquele ano). Já em 1999, no 70º aniversário da obra, a Casterman, com autorização da Fundação Hergé, publicou o álbum em preto e branco. Dessa forma, mesmo contra a vontade do já falecido Hergé, No País dos Sovietes entrou de vez no cânon oficial de Tintim.


Extraído do site: www.tintimportimtim.com

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